quinta-feira, 12 de julho de 2012

Coragem

Eu não consigo expressar de forma racional o quanto estou feliz por ter tido coragem de mudar os planos da chegada do Pedro. 

A gravidez traz uma indústria tão gigantesca junto e como tudo é novidade, você acaba se baseando no "manual" que todo mundo faz, as regrinhas (até por questões de segurança, de "saber" onde está pisando, porque a responsabilidade aumenta e você nunca colocará em risco o seu bebê) e todos os palpites das pessoas mais "entendidas" do assunto. 

Eu segui uma parte: realmente, tem inúmeras opções de compra, lojas l-i-n-d-a-s, dá vontade de ter tudo do bom e do melhor. Desde o início eu quis que a minha médica de anos e de confiança fosse a pessoa que iria ajudar a trazer o Pedro ao mundo. Visitamos as melhores maternidades que o convênio oferece. Fizemos todos os exames em laboratórios ótimos. Compramos um belo carrinho, um berço lindo de madeira, cuidamos com muito carinho na preparação do nosso chá de bebê, que foi um momento feliz e muito especial. Só que eu acho que muitas pessoas acabam se perdendo aí, no "to do´s list" e acabam se esquecendo das raízes de toda esta vivência, que na verdade é refletir sobre a maternidade (e paternidade), da responsabilidade de guiar e preparar este espírito neste mundo que estamos vivendo. 

Tomei cuidado para não perder de vista o lado espiritual (que procuro trabalhar desde adolescente), tomando o passe para gestante no Grupo Socorrista Maria de Magdala, centro espírita que tenho oportunidade de estudar, aprender e também trabalhar. Sabendo da importância de vigiar os pensamentos e da experiência espiritual pela qual estou passando, era fundamental não deixar esta parte da minha vida de lado, para fortalecer meu laço com este espírito especial que está vindo através de mim. E graças a Deus (posso dizer assim) que mantive esta rotina e conheci a Adriana, também gestante.

Ela tem um filho lindo, o Alex. E está com 2 semanas a mais que eu, da minha xará Ana. Ela já vivenciou um parto humanizado e está indo para o próximo. Eu sempre quis ter parto normal, pois sou a favor de deixar a natureza agir por si mesma. Normal porque eu não tinha informações sobre o natural humanizado. Lógico, nada de loucuras, priorizando a saúde do Pedro e a minha. Aos poucos, fomos trocando figurinhas, ela me falou sobre ter uma doula acompanhando o pré parto e comentou sobre a Casa Moara. Comecei então a pesquisar sobre o assunto e me encantei com o trabalho das doulas. Me remeteu à hospitalidade que estudei na faculdade de Hotelaria, e que era o ponto que mais me identificava neste curso. Apesar de sair da área dos hotéis, em mim reside uma enorme vontade de servir, ser útil e ajudar no que for preciso. Mas sem banalidades e luxos desnecessários que tanto almejamos nos melhores serviços hoteleiros. Acho que foi isso que me decepcionou na área, além dos baixos salários e pouca valorização de mão de obra qualificada.

Comentei com a minha médica a possibilidade de uma doula nos acompanhar no trabalho de parto.   Para nos apoiar emocionalmente e fisicamente, além de conhecer de perto este trabalho que me encantei. Fazendo massagens para aliviar as dores, tranquilizando a mim e o Mike caso seja necessário. E também comecei a questionar se a episiotomia era necessária. Além da anestesia, que eu gostaria de poder falar quando e se eu iria querer, pois queria ver qual o meu limite. Senti uma certa resistência dela nestas 3 questões e foi aí que comecei a pesquisar mais e mais sobre o assunto: o parto humanizado.

Meu coração tomou a frente e me guiou. Tive brilho nos olhos, me senti inspirada, mais forte e confiante como nunca. Até que, pesquisando na internet, cheguei até a Casa Angela. Liguei e marquei para conhecer no dia seguinte, pois era a 34a semana e mudar os planos está bem em cima da hora. Convidei a minha mãe, que estava um pouco resistente em seguir esta linha, mas eu deixei bem claro que era eu quem iria decidir. O Mike, que no início achei que iria também seguir uma linha mais tradicional, mais uma vez me surpreendeu e me deu todo o apoio que eu precisava. E como isso é importante! Fortalece o nosso laço e nessas horas me sinto mais apaixonada por esta pessoa única e especial. 

A visita foi ótima: dúvidas esclarecidas, Casa Angela conhecida e nos sentimos acolhidos e tive a certeza de que o parto humanizado é o melhor caminho para nós. Decidido. 


Conversei também com o Sifu, meu mestre não só no Kung Fu, mas na vida. Uma pessoa que aprendo observando o seu exemplo e que também está sempre disposto a ensinar e ajudar. Ele me apoiou nesta decisão e me senti mais confiante ainda. Por estar em sintonia com o que estudamos no Kung Fu e a questão energética que todo este processo abrange.

Pudemos aproveitar ao máximo nossa gravidez, que está chegando no fim. Desde o dia 30 de dezembro, quando soubemos que estava grávida (e que não era azia ou gastrite), pequenas mudanças tem ocorrido. Mas agora, acho que nunca me senti tão fortalecida, pois estou seguindo o meu coração e ele diz que a chegada do Pedro pode ser vivenciada de forma plena: respeitando meus limites e vontades e também as do ator principal do evento, o Pedro, que vai chegar em um ambiente aconchegante, sem tantas parafernálias dos hospitais e intervenções que não são necessárias, além de ficar ao nosso lado todo o tempo. Lógico, se tudo continuar correndo perfeitamente bem e sem riscos para mim e para ele.

O universo realmente conspira quando things are meant to be. Tenho encontrado cada vez mais pessoas que nos dão suporte e trazem novas informações. E quando me perguntam se estou ansiosa, respondo que não. Agora sim estou em paz. Pois quando seguimos o nosso coração, vem a tal da paz interior. E tenho certeza que o Pedro aprecia tudo que já fizemos com tanto carinho para a sua chegada. Mas acredito que o melhor que podemos oferecer neste momento, é que sua chegada seja desta forma. Repeitando o seu tempo. Respeitando este ser que vai nos proporcionar tantas experiências e aprendizado. 

Só gostaria de deixar este recado para vocês: follow your heart. Sintam e se deixem levar pelo o que o coração manda. Sem racionalizar tanto, como geralmente fazemos. Como o Sifu diz, dificilmente há "erros" (se falarmos em dualidade) quando nos aproximamos da nossa essência e agimos de acordo com o que sentimos.

E desta forma, a coragem de dar um passo diferenciado se torna natural e único.